15 de set. de 2009

Mais uma sobre relacionamentos...


"Que seja infinito enquanto dure..." disse Vinícius e digo eu!!!

Tudo neste mundo tem prazo de validade. Salsicha, verduras, revisão do carro, pintura do cabelo e... (lógico!!) os relacionamentos.

Por que as pessoas validam os relacionamentos pelo tempo que duram? Quem disse que este é o parâmetro mais adequado para avaliarmos a qualidade de uma relação? Quanto mais, melhor?! Para mim não faz sentido algum...

Quando duas pessoas se escolhem e decidem ficar juntas, estão buscando no outro uma complementação para a sua existência. De modo geral as pessoas ficam juntas porque têm afinidades e/ou porque se complementam (independentemente do relacionamento ser sadio ou disfuncional). O contrato "secreto" dos casais é mais ou menos assim: Você precisa prometer que me dará o que eu preciso.

Até aí, ok, pois não é tão difícil perceber as necessidades das pessoas: Ela precisa de muito carinho pois seu cachorro morreu recentemente; Ele precisa de apoio pois está terminando o mestrado; Ela precisa de um parceiro que goste de almoçar aos domingos com a sua família; Ele precisa de uma esposa que o acompanhe nas viagens de negócios; Ela precisa de alguém que queira ter filhos; Ele precisa de alguém que tope morar no exterior...

Mas tem um "porém": não somos os mesmos de ontem e, possívelmente, já não seremos os mesmos de hoje quando o próximo dia raiar... constantemente modificamo-nos. Os mestrados (com a graça do bom Deus!!) acabam, compramos novos bichinhos de estimação, voltamos do exterior, desistimos dos almoços de domigo, postergamos o nascimento dos filhos... e descobrimos novas necessidades que se colocam no lugar das antigas. Problemão!! Quem garante que nossos parceiros podem ou querem se adaptar às novas necessidades que apresentamos?!

Alguns casais facilmente adaptam-se às mudanças do ciclo de vida individual e/ou conjugal. Outros casais entram em crises feias, mas conseguem reorganizar-se para as novas etapas e para os novos desafios. Há casais que simplesmente não conseguem administrar mudanças, muitas vezes pelo fato de terem "perdido a liga": o contrato mudou... a demanda mudou... e eles simplesmente já não se completam mais ou, ainda, podem ter deixado de querer as mesmas coisas. É triste, é difícil, mas é compreensível.

Diversas pessoas conseguem renovar seus contratos conjugais até o fim de suas vidas. Outras, decidem rescindí-lo e passam a buscar novos parceiros que possam atender às suas novas necessidades. Não podemos julgar ou comparar estes dois tipos de relacionamento... podemos, sim, questionar se as pessoas estão atentas às cláusulas e às necessidades de si próprias e do outro.

Longos, curtos ou infinitos... os casais não podem perder a poesia!

2 comentários:

  1. Carla, eu achei muito bom teu post. Mas fica a minha dúvida, será que é só problema de cláusulas contratuais?
    Creio que há mudanças nas necessidades sim, mas há outras coisas que não são tão inertes e são do dia a dia e que se não percebidas causam mágoas ou no mínimo rusgas. Existem vários "adjetivos" que podem complementar as cláusulas vencidas e detonar um relacionamento. Exemplo de adjetivo: Incompreensível. Não estou falando do insensível e sim do incompreensível.
    É como se estivéssemos em uma guerra. De repente o inimigo se multiplica na frente. Surgem tiros de todos os lados e o indivíduo pensa: "sou apenas um e tenho que atirar em 10 direções. Vou morrer!". Neste momento todos têm que compreender que só há um lugar para estar e é na linha de frente. O cozinheiro pode dizer "estou ajudando a minha equipe, todos precisam de comida e por isso faço a minha parte". Isto seria verdade em situações normais onde as cláusulas contratuais e consensuais se aplicam (o cozinheiro cozinha e o combatente combate), mas em situações anormais não. O fato eminente é que amanhã todos estarão mortos e não haverá o que comer, por tanto o esforço do cozinheiro terá sido em vão. O Cozinheiro foi incompreensível, incapaz de fazer a leitura certa dos fatos ou a fez e foi omisso e mesmo sabendo da necessidade deu de ombros para a situação. Para o cozinheiro não restou lição pois mesmo ele foi morto pelo exercito inimigo.
    E ainda, se mesmo no auge da sua incapacidade de ler os fatos, o cozinheiro foi chamado pelos seus colegas aos prantos, alertado da necessidade dele lutar pela sobrevivência de todos, não quis sair de trás do fogão para empunhar uma arma, ele, no mínimo, não foi companheiro daqueles que estavam lutando pela proteção da sua vida.
    Este desamparo cria mágoas e essas mágoas podem levar a uma revisão das cláusulas contratuais: Por que tu tem que ser o cozinheiro? O que quero dizer é que a gente pode mudar naturalmente (por mudar objetivos pessoais como é citado no teu post) e com essa mudança as validades da relação também mudarão, mas também acontece da própria relação mudar a gente e a partir dai nós invalidarmos a relação.

    Obrigado,
    Christian

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  2. Carla, achei ótimo, vou compartilhar com o meu ex, rsrs

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