Tudo neste mundo tem prazo de validade. Salsicha, verduras, revisão do carro, pintura do cabelo e... (lógico!!) os relacionamentos.
Por que as pessoas validam os relacionamentos pelo tempo que duram? Quem disse que este é o parâmetro mais adequado para avaliarmos a qualidade de uma relação? Quanto mais, melhor?! Para mim não faz sentido algum...
Quando duas pessoas se escolhem e decidem ficar juntas, estão buscando no outro uma complementação para a sua existência. De modo geral as pessoas ficam juntas porque têm afinidades e/ou porque se complementam (independentemente do relacionamento ser sadio ou disfuncional). O contrato "secreto" dos casais é mais ou menos assim: Você precisa prometer que me dará o que eu preciso.
Até aí, ok, pois não é tão difícil perceber as necessidades das pessoas: Ela precisa de muito carinho pois seu cachorro morreu recentemente; Ele precisa de apoio pois está terminando o mestrado; Ela precisa de um parceiro que goste de almoçar aos domingos com a sua família; Ele precisa de uma esposa que o acompanhe nas viagens de negócios; Ela precisa de alguém que queira ter filhos; Ele precisa de alguém que tope morar no exterior...
Mas tem um "porém": não somos os mesmos de ontem e, possívelmente, já não seremos os mesmos de hoje quando o próximo dia raiar... constantemente modificamo-nos. Os mestrados (com a graça do bom Deus!!) acabam, compramos novos bichinhos de estimação, voltamos do exterior, desistimos dos almoços de domigo, postergamos o nascimento dos filhos... e descobrimos novas necessidades que se colocam no lugar das antigas. Problemão!! Quem garante que nossos parceiros podem ou querem se adaptar às novas necessidades que apresentamos?!
Alguns casais facilmente adaptam-se às mudanças do ciclo de vida individual e/ou conjugal. Outros casais entram em crises feias, mas conseguem reorganizar-se para as novas etapas e para os novos desafios. Há casais que simplesmente não conseguem administrar mudanças, muitas vezes pelo fato de terem "perdido a liga": o contrato mudou... a demanda mudou... e eles simplesmente já não se completam mais ou, ainda, podem ter deixado de querer as mesmas coisas. É triste, é difícil, mas é compreensível.
Diversas pessoas conseguem renovar seus contratos conjugais até o fim de suas vidas. Outras, decidem rescindí-lo e passam a buscar novos parceiros que possam atender às suas novas necessidades. Não podemos julgar ou comparar estes dois tipos de relacionamento... podemos, sim, questionar se as pessoas estão atentas às cláusulas e às necessidades de si próprias e do outro.
Longos, curtos ou infinitos... os casais não podem perder a poesia!